28/07/2009
Por Dr. Wadih Damous
Wadih Damous*
Quem se lembra de Alana, Letícia, Yasmim, Júlia ou Maicon? Os nomes e os dramas dessas crianças já ocuparam páginas dos jornais quando elas foram mortas por balas perdidas em operações policiais em comunidades pobres. Outros se sucederam no noticiário - como o menino William, morto há uma semana - e alguns nem foram registrados. Mas formam uma lista que parece interminável.
Há um ano, parentes de crianças, jovens, idosos, donas de casa e trabalhadores inocentes vitimas da violência estiveram na Ordem dos Advogados do Brasil, com entidades da sociedade, para pedir mudanças na política de segurança pública. Havia também, irmanados na dor e na indignação, parentes de policiais atingidos pela mesma violência e insanidade.
Desde então, o comando da PM trocou de mãos três vezes. Mas as mortes continuaram, tanto de moradores, como de policiais. A diferença é que os segundos são agentes públicos e profissionais que deveriam estar preparados para o combate à criminalidade - o que não é inteiramente verdadeiro.
Os primeiros são cidadãos - em sua maioria, moradores pobres de áreas violentas, que não podem escolher outro lugar para viver e não têm onde se refugiar das balas.
A OAB/RJ tem recebido famílias enlutadas pela violência, em busca de apoio e orientação jurídica. Aos ofícios e requerimentos às autoridades, cobrando respostas e acesso aos inquéritos, pouca ou nenhuma resposta tivemos.
Anuncia-se nova operação no Complexo do Alemão - onde vivem dezenas de milhares de pessoas honestas. Esperamos que, dessa vez, a Polícia quebre a tradição de mortes e preserve vidas.
*Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro
Artigo publicado no jornal O Dia, 28 de julho de 2009