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Campos dos Goytacazes, Quinta, 25 de Abril de 2024

Barroso sobre corrupção generalizada: “Temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país”

Ministro lamentou em sessão plenária a "tragédia brasileira".


19/12/2017 12h26

Fonte: Site Migalhas

 

 

“Nós vivemos uma tragédia brasileira. A tragédia da corrupção que se espraiou de alto a baixo, sem cerimônia.”

A firme constatação foi feita pelo ministro Luís Roberto Barroso na última sessão plenária deste ano do STF. Em pauta, os inquéritos que tratam dos envolvidos do PMDB na Câmara, julgamento que foi iniciado na semana passada com o voto do relator, ministro Fachin.

Nesta terça-feira, 19, o ministro Toffoli começou o voto dizendo que divergiria de Fachin, de modo a atender o pedido de André Esteves; a defesa do bancário diz que ele é investigado pelos mesmos fatos tanto na JF/DF quanto no Paraná. É quando Toffoli diz que houve um erro, porque em relação ao caso que levou à prisão de André Esteves, ele foi investigado e hoje há um pedido de absolvição por parte do próprio órgão acusador.

Aproveitando a oportunidade o ministro Gilmar fez um aparte para criticar o ex-PGR Rodrigo Janot: " O que estamos vendo aqui é a descrição de um grande caos. Uma grande bagunça. Um serviço mal feito, apressado, corta e cola, com as contradições que foram aí apontadas. Isso é vexaminoso para o tribunal.”

Foi quando o ministro Barroso argumentou que não acredita ter havido uma investigação irresponsável. E teceu considerações acerca do estágio de corrupção generalizada na política brasileira:

“Apenas para consignar, há diferentes formas de ver a vida e todas merecem consideração e respeito. Eu gostaria de dizer que eu ouvi o áudio “tem que manter isso aí, viu?”. Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão. Eu li o depoimento de Alberto Yousseff. Eu li o depoimento de Funaro. Portanto, nós vivemos uma tragédia brasileira.

A tragédia da corrupção que se espraiou de alto a baixo, sem cerimônia. Um país em que o modo de fazer política e negócios funciona assim: o agente político relevante escolhe o diretor da Estatal ou o ministro com cotas de arrecadação. E o diretor da estatal contrata, em licitação fraudada, a empresa que vai superfaturar a obra ou o contrato público para depois distribuir dinheiros. E aí não faz diferença se foi para o bolso ou se foi para a campanha, porque o problema não é para onde vai, o problema é de onde vem. É a cultura de desonestidade que se cria de alto a baixo com maus exemplos, em que todo mundo quer levar vantagem, em que todo mundo quer passar os outros para trás, todo mundo quer conseguir o seu. Sem mencionar as propinas para financiamentos públicos, tudo documentado.

Portanto, são diferentes visões da vida e do país. Mas eu não acho que há uma investigação irresponsável. Eu acho que há um país que se perdeu pelo caminho, naturalizou as coisas erradas, e nós temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país, de ensinar as novas gerações de que vale a pena ser honesto, sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que ricos criminosos têm imunidade, porque não têm.”

 

 


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