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Artigo: LIVRO É SOBREMESA !

Artigo: LIVRO É SOBREMESA !


18/04/2011 08h36

(Christiano A. Fagundes*)

Hoje, faz 129 anos que nasceu um grande escritor brasileiro, por isso  relembraremos um pouco  da obra e da vida do escritor  Monteiro Lobato, autor de uma frase fantástica: "Um país se faz com homens e livros”.

José Bento Monteiro Lobato nasceu no dia 18 de abril de 1882, na cidade de Taubaté, no Vale do Paraíba, e morreu de derrame na madrugada do dia 4 de julho de 1948.

Monteiro Lobato formou-se em Direito e chegou a atuar nessa área. É considerado o maior escritor da literatura infanto-juvenil do mundo, tendo produzido 26 títulos destinados ao referido público. O dia 18 de abril foi escolhido para a comemoração do Dia do Livro Infantil, em homenagem ao dia do nascimento desse escritor.

Imprescindível, porém, ressaltar que Lobato escreveu para o público adulto também.  Entre as muitas obras destinadas a esse público, destaco: Urupês (1918); Cidades Mortas (1919) e Negrinha (1920). Urupês é um livro composto de 14 contos, sendo considerado a obra-prima de Lobato e um clássico da literatura brasileira. Esses contos revelam o cotidiano do caboclo do interior de São Paulo, registrando suas crenças e tradições. Como regra, os contos integrantes de Urupês têm um final trágico e inesperado!  O “famoso” personagem Jeca Tatu foi criado nessa obra, simbolizando a precária situação do caboclo brasileiro, abandonado pelo poder público. Na verdade, acredito que Lobato criou esta personagem para denunciar , de forma irreverente e caricatural, a situação  em  que vivia o brasileiro do interior. Urupês antecipa uma postura ecológica, pois há  uma preocupação em defender  o ambiente.

Monteiro Lobato iniciou o movimento editorial no Brasil, pois, no ano de 1918, fundou a "Monteiro Lobato e Cia". Mister trazer à luz que esta foi a primeira editora brasileira. Antes, todos os livros brasileiros eram impressos em Lisboa ou em Paris. O escritor, deixando aflorar o  seu lado empresarial, chegou a dizer  que "livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês".

Em dezembro de 1920, publicou  “A Menina do Narizinho Arrebitado”, sua primeira obra destinada ao público infantil e que  deu origem ao personagem  Lúcia, mais conhecida como a Narizinho do Sítio do Picapau Amarelo.

Monteiro Lobato chegou a ser preso, por divulgar que o Brasil era um grande produtor de petróleo, contrariando, assim, interesses estrangeiros. Defendia a tese de que a extração de petróleo, em território brasileiro, deveria ser entregue à iniciativa privada!

Entre as principais personagens criadas por Monteiro Lobato, destacam-se: Jeca Tatu, a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa (que foi criado pelas  mãos de Tia Nastácia, a partir de um sabugo de milho), Narizinho, Pedrinho, Tia Nastácia,  Saci, Cuca e Dona Benta, esta última é um exemplo de avó: alegre, simpática,  mas sem deixar de ser uma grande educadora!

A Emília, a boneca de pano,  é uma das melhores personagens da literatura brasileira. Monteiro Lobato, o criador, referiu-se da seguinte maneira à criatura: “Quando escrevo um desses livros, ela me entra nos dois dedos que batem as teclas e diz o que quer, não o que eu quero. Cada vez mais, Emília é o que quer ser, e não o que eu quero que ela seja.” (Monteiro Lobato, in  A Barca de Gleyre).

Nobre leitor, será que aprendemos a lição deixada por Monteiro Lobato e estamos oferecendo livros para os nossos “Pedrinhos”??? Fica, então, a sugestão!

* Membro da Academia Campista de Letras. Professor  universitário. Advogado trabalhista. Escritor. Presidente das Comissões OAB Cultura e OAB Exame de Ordem.


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