Campos dos Goytacazes
São João da Barra
São Francisco de Itabapoana
Italva
Cardoso Moreira

Campos dos Goytacazes, Domingo, 28 de Abril de 2024

Artigo: Violência no Rio de Janeiro

Artigo: Violência no Rio de Janeiro


15/12/2010 11h35

*LUIZ CELSO ALVES GOMES

As espetaculares ações da polícia do Estado, Marinha, Exército e Polícia Federal que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, mostraram para o mundo um lado negativo com impactos muitos fortes pela mídia internacional.
Os carros de combate, helicópteros militares utilizados na cidade do Rio de Janeiro na ocupação do Complexo do Alemão são idênticos aos utilizados nos campos de batalha do Iraque, Afeganistão, Faixa de Gaza e etc. dando a impressão de que a cidade do Rio de Janeiro é apenas um cartão postal escondendo uma realidade muito diferente, ou seja, uma carnificina de fazer inveja a qualquer praça de guerra.

Depois de toda essa operação pirotécnica, fica a impressão que o tráfico se rendeu a um governo capaz de colocar o exército nas ruas para dar tranquilidade às pessoas, talvez as lutas entre as quadrilhas sim, mas o tráfico que movimenta centenas de milhões não vai parar. Primeiro porque os consumidores das classes média e alta continuarão a financiar o tráfico, ou seja, continuarão a consumir o pó branco, por outro lado há uma tolerância do estado e pela polícia. Portanto, quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com  bilhões gerados pelo tráfico, roubo e outras formas de crime, controle de milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas?

No Rio de Janeiro, parece que existe um estado paralelo dentro do Estado Legal, onde parte da população, a mais pobre, apoia o estado paralelo e a outra o Estado Legal. A população mais pobre que apoia o estado paralelo, porque lhe dá segurança e acaba fazendo o que os governos não fazem por ela e também pelo medo em que esta população vive, tanto do Estado Legal quanto do paralelo. Penso que a violência no Rio de Janeiro não diminuirá por meio da violência, prática que este governo vem adotando, também não diminuirá sem uma segurança ostensiva, que transmita confiança à população. A violência diminuirá a médio e longo prazo, com um grande projeto social que atinja as crianças, adolescentes e principalmente a jovens carentes, dando a eles uma perspectiva e esperança de um futuro promissor. Um projeto social que atinja as famílias pobres que vivem nessas comunidades que hoje fazem parte do estado paralelo e que precisam sentir apoio e segurança com a presença do estado vinte e quatro horas por dia. O que existe hoje é a completa ausência de perspectiva por parte do cidadão, que está cercado por quadrilhas de banditismo que demonstram serem mais organizadas que o Estado. As autoridades do Rio de Janeiro precisam subir aos morros cariocas e ir às favelas para sentirem a realidade da pobreza que está localizada nestes locais. Precisam priorizar seus governos em prol dos mais sacrificados, dos mais pobres, aí sim, teremos a diminuição da violência que tanto atormenta a vida da população do Rio de Janeiro.

Advogado, Secretário e Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB/RJ, Presidente do Conselho da Comunidade da VEP/RJ


1

Dúvidas? Chame no WhatsApp