16/04/2010 15h08
Fonte: Jornal Folha da Manhã
Na condição de líder brasileiro no ranking do trabalho escravo em 2009, Campos recebe nesta sexta-feira a Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), que realiza, às 14h, na Câmara de Vereadores, uma audiência pública sobre trabalho escravo e superexploração do trabalho pelas usinas de cana-de-açúcar no município. O presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo (PSol), classifica como grave a situação que põe Campos na liderança das infrações trabalhistas e cita o Grupo J. Pessoa e Grupo Othon como reincidentes nessas práticas. As empresas encerraram as atividades na cidade e, segundo a Comissão de Direitos Humanos, teriam deixado mais de 2.000 pessoas desempregadas e em estado de miséria.
Dados da Procuradoria do Trabalho apontam que Campos liderou o índice de trabalho escravo ano passado no Brasil. É grave que, em pleno século XXI, ainda se tenha essa prática em nosso país. Esse também é o papel do Poder Legislativo. Vamos apurar as denúncias e tomar as medidas cabíveis comentou ontem à tarde, por telefone, Marcelo Freixo.
Entre os convidados para a discussão estão o Comitê Popular de Erradicação do Trabalho Escravo do Norte Fluminense, Comissão Pastoral da Terra, Procuradoria do Trabalho em Campos, Superintendência Regional do Trabalho e Ministério Público.
Presidente de sindicato critica
O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Norte Fluminense, Geraldo Hayem Coutinho, disse que não foi convidado para a audiência. O trabalho escravo existe onde há fiscalização. Se em outros lugares tivesse havido a fiscalização rigorosa que aconteceu em Campos ano passado, eles também teriam esses índices. Essa questão do trabalho escravo tem que ser tratada com serenidade e sem estigmas. Se a comissão realmente tivesse interessada em tratar do problema, ela procuraria, antes de tudo, as partes envolvidas para conversar, e não marcar uma audiência pública sem uma profunda investigação sobre o assunto. Isso me parece ação para ganhar visibilidade, criticou Coutinho.
A assessoria do Grupo J. Pessoa informou que a empresa repudia a afirmação da comissão e que já tomou todas as medidas judiciais cabíveis para que os fatos sejam esclarecidos. O jornal não conseguiu contato com o Grupo Othon e nem com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar e do Álcool de Campos, Jaldenes Carvalho.