A Terceira Idade
29/09/2010 12h49
*LUIZ CELSO ALVES GOMES
A experiência na terceira idade é inigualável. O idoso após sessenta anos de idade terá conhecido o sucesso e o fracasso; o acerto e o erro; a verdade e a mentira; a alegria e a dor; os risos e as lágrimas. a conquista e a rejeição. Terá filhos adultos, terá netos. Terá tido perdas e ganhos, mas terá sobretudo vivido com intensidade a mágica da existência humana. Será um sábio. Será uma fonte de ensinamentos. Um manancial de conhecimentos. Um pós-graduado em paciência. Um doutor em compreensão. Um mestre com MBA da vida competências que nenhuma instituição de ensino pública ou privada, nacional ou estrangeira poderá substituir.
Mas, lamentavelmente depois de tantos anos de lutas e vivências, depois dessa longa experiência, esse sábio é um anônimo e a sociedade não lhe dá o menor espaço para ocupar seu próprio espaço, um direito adquirido ao longo da vida. Inclusive no mercado de trabalho, grande parte das empresas dão mostras diárias de considerá-lo um inútil.
Ou sejam de forma absurda e revoltante, aquele sábio foi transformado em um ser ignorado, transparente ou invisível, únicas explicações para ausência de olhares e cumprimentos, para a absoluta indiferença diante de sua presença. É o único ser vivo que consegue ser um ausente mesmo estando presente.
Pela solidão, acentuada nas noites insones, o sábio estará vulnerável. E por estar vulnerável, estará frágil, sofrendo com o descaso, com o desrespeito e a indignidade com a qual é obrigado a conviver.
O idoso não quer pena, nem compaixão. Quer a mesma coisa que todos nós, crianças, jovens e adultos também queremos: atenção, carinho, respeito e uma chance que seja de demonstrar a capacidade de ser útil e produtivo.
Lamento muito por aqueles que se recusam a ter esse gesto de justiça e dignidade e dar ao idoso tudo que nós seres humanos precisamos. Espero que lembrem que o tempo é implacável e não tem a menor discriminação: chega para todos. Portanto, chegará amanhã para os insensíveis de hoje.
Mas são tantas as lágrimas escondidas São tantas as depressões, melancolias e solidão Para atender a essa demanda, há que se pensar numa pacífica revolução amorosa e de respeito ao idoso.
Portanto, vamos usar a sensibilidade, a fraternidade, o reconhecimento, o amor e o respeito ao ser humano.
Se estes valores de nada valem para uma sociedade, o que vale então?
* Advogado, Secretário e Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB/RJ, Presidente do Conselho da Comunidade da VEP/RJ.