Para Marina Silva, interesses políticos pessoais têm impedido a reforma política de sair do papel.
15/09/2010 07h50
Brasília, 14/09/2010 - Uma Constituinte exclusiva, convocada com uma pauta definida e mandato específico, para reformar a Constituição ressalvadas as cláusulas pétreas e as conquistas sociais do texto de 1988 - foi a proposta defendida hoje (14) pela candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva (AC), em sabatina com conselheiros federais da Ordem dos Advogados do Brasil, durante sessão da entidade destinada a discutir com os presidenciáveis "A reforma política".
Marina Silva explicou que tem proposto em seu programa uma Constituinte exclusiva "como uma idéia para debate" e como forma de viabilizar reformas no Estado e no sistema político-eleitoral. Ela disse não acreditar na viabilidade de uma reforma política no país, que esbarra sempre nos interesses políticos pessoais e acaba não saindo do papel. "A reforma pode ajudar, mas é parte de um longo caminho a percorrer; ela não é panacéia que vai solucionar a situação; todos se comprometem com a reforma política durante a campanha eleitoral mas depois fazem a reforma do seu compromisso".
Ao responder indagações de conselheiros da OAB, a candidata se mostrou cética também em relação à proposta de instituição de listas pré-ordenadas nas eleições parlamentares, entendendo que ela burocratizará a política e subtrairá o poder individual do eleitor; se declarou também contra o voto facultativo, entendendo que ele pode favorecer "o recrutamento pelos bolsões". Sobre o financiamento de campanha, disse ser a favor de um sistema misto, onde haja previsão tanto de financiamento público quanto particular, sobretudo aquele que estimule a participação do cidadão. Para ela, mais importante hoje "é discutir não o Estado provedor, mas um Estado-necessário, que seja eficiente para dar à sociedade brasileira os meios para que possa se desenvolver e ter acesso a bens e serviços capazes de melhorar sua qualidade de vida".
Marina Silva foi a última a falar no ciclo de discussões sobre o tema reforma política, promovido pela OAB Nacional e que contou também com participação dos candidatos José Serra (PSDB) e Plínio Sampaio (PSOL). Também convidada, a candidata Dilma Roussef (PT) não compareceu e enviou documento ao presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, explicando as razões.