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Campos dos Goytacazes, Sexta, 19 de Abril de 2024

Um lamento, uma tristeza

14/01/2010
Por Dr. Filipe Franco Estefan


Estava escrevendo meu artigo, e estava feliz, pois descrevia um texto publicado no Jornal do Brasil desta semana, de autoria da jornalista Carolina Eloy, que destacava a possibilidade do Brasil conseguir superar a extrema pobreza até o ano de 2016, conforme estudos econômicos e políticos realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quando fui surpreendido com a triste notícia da morte de D. Zilda Arns Neumann, coordenadora internacional da Pastoral da Criança, que estava no Haiti para a realização de uma palestra sobre o trabalho humanitário desenvolvido pela pastoral. Ela era médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Filha de Gabriel Arns e Helena Steiner Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo, figura eminente do Concílio Vaticano 2º e defensor da teologia da libertação no Brasil. Viúva, mãe e uma mulher excepcional para o povo brasileiro, aliás uma cidadã do mundo.

Para chegar até a indicação ao Prêmio Nobel, Zilda Arns percorreu um longo e dedicado caminho, suas participações em eventos internacionais são diversas, da Angola a Indonésia, Estados Unidos e Europa, e outros tantos eventos Latino Americanos, principalmente apresentando e divulgando o trabalho da Pastoral da Criança e ainda inúmeros outros pela pediatria. Recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária. E da mesma forma, a Pastoral da Criança já recebeu diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo feito desde a sua fundação. Talvez eu escrevesse inúmeros artigos e não conseguisse descrever quem verdadeiramente foi D. Zilda Arns, e o quanto ela contribui para a evangelização, a educação e a erradicação da pobreza em nosso país. O reconhecimento não tirou sua simplicidade nem seu sorriso. Em entrevista concedida em um jornal argentino, asseverou que: “Meu maior prêmio”, diz ela, “é que aonde em vou, até na favela mais violenta e pobre, as crianças se atiram ao meu colo beijando-me”. E acrescenta: “Sinto-me, sem dúvida, a mulher mais amada pelos pobres deste país”. Perdemos uma GRANDE MULHER, uma referência em amor ao próximo e na defesa dos Direitos Humanos, tal qual D. Paulo Evaristo Arns. Fica o lamento e a tristeza deste articulista, mas a esperança de que seus ensinamentos sejam fatores multiplicadores de suas atitudes.

*Publicado no Jornal Folha da Manhã, 14/01/2010


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