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Respeito às mulheres

10/03/2009
Por Dr. Wadih Damous


Wadih Damous*

Todos os dias lemos notícias de agressões a mulheres. E, mesmo quando não chegam a público, pode-se perguntar: quem nunca ouviu um conhecido comentar que a mulher de fulano apanha em casa, mas não teve coragem de denunciar o marido? Por isso, faz todo sentido que a campanha Eu Digo não à Violência contra as Mulheres seja destinada aos homens.

A Lei Maria da Penha, que tornou crimes as agressões contra as mulheres, foi um avanço importante para coibir essa covardia, impedindo que a doação de cestas básicas seja aplicada como "punição" a quem agride. Mas é necessário trabalharmos muito na conscientização dos homens e na transformação dessa cultura de violência tão arraigada e acumpliciada pelo silêncio - o da vergonha da vítima, muitas vezes, ou o da hipocrisia dos que fingem não ver.

Há dias, o caso da menina de 9 anos estuprada pelo padrasto chocou o País não só pela brutalidade como também pela absurda excomunhão aplicada à família e aos médicos pela interrupção da gravidez que punha sua pequena vida em risco. Infelizmente, há muitas crianças e adolescentes brutalizadas, nas suas próprias casas, em doloroso silêncio.
Há também exemplos de quem se faz ouvir diante da barbárie.
Mulheres humildes que dão lição de cidadania e coragem ao exigir responsabilização de jovens bem-nascidos que, em seus carrões, perseguem e agridem a esmo as que julgam ser prostitutas - como se isso fosse justificativa. Aliás, está mais do que na hora de regulamentar os direitos trabalhistas dessas profissionais, tratadas como se não fossem parte da sociedade.
Enquanto cada mulher não for respeitada - pelos homens, especialmente - em seu direito de cidadã e em sua dignidade, não poderemos falar em sociedade democrática e civilizada.

*Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro

Artigo publicado no jornal O Dia, 10 de março de 2009



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