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Campos dos Goytacazes, Sexta, 13 de Dezembro de 2024

Acusado de atirar em advogada tem prisão preventiva decretada

Clara Passi


02/02/2022 17h48

O juiz Bruno Rodrigues Pinto, da Central de Audiências de Custódia de Campos dos Goytacazes, converteu em preventiva a prisão em flagrante de Diego Dorado Borgeth Teixeira, que baleou a advogada Nayara Gilda Gomes dentro do escritório de advocacia da vítima, num shopping de Campos dos Goytacazes. O caso que chocou a advocacia fluminense e colocou a OABRJ em estado de alerta está sendo tratado pela Justiça como tentativa de homicídio. 

De acordo com a denúncia à polícia, Diego se recusava a pagar os honorários da advogada, que defendia os seus interesses em um processo de inventário. Nayara, no entanto, obteve na justiça a reserva de bens dentro do processo para garantir o pagamento, provocando a ira do acusado. 

Morador do Leblon, no Rio, Diego foi a Campos dos Goytacazes e, armado com um revólver calibre .38, invadiu o escritório da advogada. Para se defender, Nayara entrou em luta corporal com o acusado, que desferiu quatro tiros, acertando três. Mesmo ferida, conseguiu desarmá-lo. O cliente tenta esganá-la, mas ela consegue fugir e buscar ajuda no shopping. 

Nayara segue internada num hospital da cidade do Norte Fluminense. Assim que tiver alta, ela receberá a solidariedade da OABRJ num grande ato organizado pela Seccional em parceria com a Subseção de Campos dos Goytacazes.

A OABRJ vem prestando assistência jurídica e pessoal a Nayara e a sua família desde a primeira hora. O presidente da OAB/Campos dos Goytacazes, Filipe Estefan, e membros da Comissão de Prerrogativas local estiveram com o marido de Nayara no registro da ocorrência na 134ª Delegacia de Polícia (Campos) - o caso foi então entregue à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade. 

A Ordem acompanhou a audiência de custódia do acusado e se oferecerá para patrocinar os interesses da colega na assistência de acusação, pressionando o Judiciário para que o caso ganhe um desfecho célere e condizente com a gravidade.  

“Na audiência de custódia, o juiz não apenas reconheceu a periculosidade do acusado como afirmou que a tentativa de homicídio foi premeditada. Agiu acertadamente em converter a prisão em flagrante em preventiva. A advocacia vai continuar mobilizada para acompanhar esse caso de Nayara”, diz o presidente da Comissão de Prerrogativas da OABRJ, Marcello Oliveira.

O presidente da  Comissão de Enfrentamento à Violência contra a Advocacia (Ceva) da OABRJ, Paulo Castro, célula da grande força-tarefa montada pela OABRJ para acolher Nayara e acompanhar o caso, destaca a dimensão coletiva do atentado à vida da advogada.

“Sempre que há um ato de violência contra um advogado ou uma advogada, eu vejo isso como um atentado ao próprio exercício da advocacia. Vivemos num Estado democratico de Direito onde, a todo instante, vemos ações que buscam enfraquecer o nosso ideal de Justiça”, destaca Castro.

“Embora a violência tenha ocorrido em face do exercício profissional, há também um viés de misoginia”.

Na decisão, o magistrado registrou que, na véspera do atentado, Diego também agrediu a namorada que foi medicada em um pronto-socorro. “Como se vê, o custodiado, em menos de 24h, foi o suposto responsável por provocar a internação hospitalar de duas mulheres, em contextos fáticos distintos, revelando ser ele uma pessoa extremamente perigosa, de modo que a sua prisão cautelar é a medida mais adequada para a garantia da ordem pública”, disse o juiz.


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