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Campos dos Goytacazes, Quinta, 28 de Março de 2024

DICAS SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO

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Por Christiano A. Fagundes


Christiano Fagundes*

      De forma bastante despretensiosa, conversaremos sobre o Acordo Ortográfico, um dos assuntos mais comentados na atualidade. Necessário, inicialmente, ressaltar que se trata de Acordo meramente ortográfico, restrito, pois, à língua escrita, não mexendo com a “pronúncia” das palavras.

     Assim sendo, mesmo com a eliminação do trema, as palavras sequestro, linguiça e cinquenta, por exemplo, continuam com a mesma pronúncia. O objetivo do referido Acordo é a unificação ortográfica dos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial: Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau etc.

     O alfabeto volta a contar com 26 letras, pois foram reintroduzidas as letras K, W e Y. O alfabeto completo passa a ser: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z. As letras K, W e Y foram excluídas oficialmente na reforma de 1943, mas, na verdade, nunca desapareceram.

     Passaremos a registrar algumas das novas regras, no que tange à acentuação gráfica e ao emprego do hífen. O trema agora fica com o uso restrito às palavras estrangeiras e suas derivadas, como Müller, mülleriano. Assim sendo, com o Acordo, devemos escrever da seguinte maneira: aguentar- bilíngue- cinquenta- delinquente- eloquente- frequente- linguiça- quinquênio- sequestro- tranquilo.

     Outra novidade está relacionada ao desaparecimento do acento nos vocábulos terminados em “êem” e “ôo(s)”. Era: abençôo, crêem (verbo crer), dêem (verbo dar), dôo (verbo doar), enjôo, perdôo (verbo perdoar), vêem ( verbo ver). Agora, essas palavras devem ser grafadas assim: abençoo, creem (verbo crer), deem (verbo dar), doo (verbo doar), enjoo, perdoo (verbo perdoar), veem ( verbo ver).

     Não se coloca mais o acento dos ditongos abertos “éi” e “ói” dos vocábulos paroxítonos. Para quem já se esqueceu do que são palavras paroxítonas, registramos que são aquelas cuja sílaba tônica (forte) é a penúltima: açúcar, amável, fácil, fórum etc. Antes da reforma ortográfica, escrevíamos: alcatéia, estréia, geléia, heróico, idéia, jibóia e jóia. Agora, devemos escrever da seguinte forma: alcateia, estreia, geleia, heroico, ideia, jiboia e joia.

     Muitas foram as mudanças oriundas do Acordo Ortográfico quanto ao emprego do hífen. Passaremos a registrar algumas delas. Usa-se o hífen quando o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra, como ocorre com: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, hiper-realista, inter-racial, inter-relação, inter-regional, micro-ondas, micro-ônibus e sub-bibliotecário. DICA LÚDICA: IRMÃOS GÊMEOS DEVEM FICAR EM CÔMODOS SEPARADOS PELO HÍFEN. 

     Quando o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra, não se empregará o hífen: aeroespacial, autoafirmação, autoajuda, autoescola, contraindicado, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, interjornada, intraocular, semiaberto. DICA LÚDICA: OS OPOSTOS SE ATRAEM, LOGO NADA DE HÍFEN A SEPARÁ-LOS.

     Mister trazer à baila que, quando o prefixo terminar com vogal e a outra palavra começar por “r” ou “s”, devemos dobrar essas letras. Exemplo: O recorrido já foi intimado para apresentar contrarrazões (= contra+ razões). Outros exemplos: antirracismo, antissocial, autorretrato e semirreta. Por derradeiro, registramos que, a partir de janeiro de 2016, as regras acima tornaram-se obrigatórias.

FREITAS, Christiano Abelardo Fagundes. Melhorando o Português no Exame da OAB. 3 ed. LTr, São Paulo: 2015

*Membro da Academia Campista de Letras. Advogado. Professor universitário. Pós-graduado em Direito e em Língua Portuguesa. Autor de 12 livros. Membro da Comissão OAB Cultura da 12ª Subseção da OAB/RJ (Campos dos Goytacazes). 


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