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Por Christiano A. Fagundes
CEM ANOS DE JORGE AMADO
(Christiano Fagundes)*
Nobre leitor, vamos recordar um pouco a biografia e a obra de Jorge Amado. Jorge Leal Amado de Farias nasceu em 10 de agosto de 1912, em Ferradas, distrito de Itabuna, na fazenda Auricídia, zona cacaueira ao sul da Bahia. É considerado o mais popular escritor brasileiro e o romancista da Bahia por excelência.
No ano de 1931, estreia com o romance O país do Carnaval, publicado pela Editora Schmidt. No ano seguinte, sob a influência da escritora Rachel de Queiroz, passa a frequentar grupos políticos de esquerda, filiando-se, inclusive, ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Em 1933, casa-se com Matilde Garcia Rosa. O casamento durou 11 anos. Em 1934, lança Suor. A primeira filha, Eulália Dalila, nasce em 1935 e morre em 1950, no Rio. Um ano depois, isto é, em 1951 nasce a filha Paloma Amado, em Praga.
Os romances Cacau (1933), Jubiabá ( 1935), Mar Morto( 1936), Capitães da areia( 1937) e Terras do sem-fim( 1943) estão relacionados ao período de grande participação política do autor, que realizou, nessas obras, denúncias sociais. Oportuno trazer à luz que, com o romance Mar Morto, recebeu o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras.
Ainda em 1936, foi preso, acusado de ter participado da Intentona Comunista, contra o governo Vargas. No ano seguinte, é preso novamente, após a instalação do Estado Novo. A terceira prisão ocorreu em 1942, durando três meses.
No ano de 1937, ano da publicação de Capitães da areia, como registrado acima, os livros de autoria de Jorge Amado foram apreendidos e queimados em praça pública em Salvador, por serem tachados de subversivos. Durante seis anos, ficou proibido de publicar livros.
Formou-se em Direito no ano de 1935 e, em 1946, foi eleito deputado pelo PCB, mas teve problemas com o mandato, em consequência do cancelamento do registro do Partido Comunista. A obra São Jorge dos Ilhéus é lançada em 1944.
No ano de 1945, passa a viver com a paulistana Zélia Gattai, conquanto o casamento oficial só viesse a ocorrer em 1978. Em 1947, nasce o filho João Jorge, no Rio de Janeiro. A escritora Zélia Gattai faleceu em 17/05/2008. Viveram juntos 56 anos.
Com o romance Gabriela, cravo e canela(1958), inicia-se uma outra fase na produção literária de Jorge Amado, com registros de críticas aos costumes e com sátiras. Essas características marcam vários outros romances de Jorge Amado, como Dona Flor e seus dois maridos(1966) e Tenda dos milagres (1969). O romance Gabriela, cravo e canela (1958), publicado em agosto, esgota 20 mil exemplares em apenas duas semanas e, até o mês de dezembro, do ano de seu lançamento, vendeu mais de 50 mil exemplares. O romance Gabriela, cravo e canela, na verdade, constitui-se um dos livros mais políticos de Jorge Amado. Em 1972, publica Tereza Batista cansada de guerra.
Grandes escritores do Modernismo brasileiro criticaram a literatura produzida por Jorge Amado, dando-lhe apelidos pejorativos. A seguir, alguns dos apelidos: Rasputim da linha justa ( Oswald de Andrade); Ratazana ao molho pardo ( Cassiano Ricardo) e Pai João das letras( Mário de Andrade). E o que dizia Amado das críticas? Utilizar-me-ei da própria fala do escritor. De mim já se disse que sou apenas um romancista de vagabundos e de putas. Honro-me com isso.( Jorge Amado em discurso realizado, quando do recebimento do prêmio internacional Dimitrov, na Bulgária, no ano de 1986.
Jorge Amado foi um grande escritor, tendo a sua obra traduzida em 55 países, sendo muitas delas adaptadas para a TV( Gabriela, cravo e canela; Tieta do Agreste, Dona Flor e seus dois maridos, Tocaia Grande entre outras), para o cinema e para o teatro, aqui, no Brasil. Tocaia Grande foi publicado em 1984.
No ano de 1988, a Escola de Samba de São Paulo Vai-Vai ganhou o carnaval, com o enredo sobre Jorge Amado.
Jorge Amado faleceu de parada cardiorrespiratória, em Salvador, em 06 de agosto de 2001, ou seja, faltando quatro dias para completar 89 anos de idade.
*Autor de 11 livros. Professor e advogado. Membro da Academia Campista de Letras.