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Campos dos Goytacazes, Quinta, 18 de Abril de 2024

Campistas fazem ato contra o racismo na praça do Santíssimo Salvador

Fotos: Rodrigo Silveira


11/06/2020 09h49

Fonte: Jornal Folha da Manhã

 A tarde desta quarta-feira (10) foi marcada pela ato contra o racismo “Vidas Negras Importam”, que reuniu aproximadamente 200 pessoas na praça do Santíssimo Salvador em uma manifestação que recolocou Campos no mapa dos protestos contra racismo e violência policial que se espalharam pelo mundo após o assassinato de George Floyd, homem negro, detido, algemado e asfixiado por um policial branco em Mineapolis, nos Estados Unidos. Com apoio de movimentos sindicais, estudantes, advogados, psicólogos e outras entidades representativas, o ato foi convocado pelo Movimento Unificado de Negros e Negras de Campos e cumpriu com as normas de distanciamento social, uso de máscaras e de álcool gel para evitar a proliferação do coronavírus.
Manifestação antirracista no Centro de Campos
O movimento aconteceu cinco dias após um grupo de 16 estudantes, que fazia uma manifestação antirracista e pacífica diante do Pelourinho, ter sido dispersado com gás lacrimogêneo e spray de pimenta pela Polícia Militar. Desde então, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ministério Público (MP) e a Associação de Imprensa Campista (AIC) repudiaram a ação dos policiais. Presidente da OAB Campos, Cristiano Mille classificou de “inconstitucional, absurdo e inaceitável”. Comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar de Campos (8º BPM), tenente-coronel Luiz Henrique Barbosa disse que os manifestantes não teriam obedecido a orientação da PM para evitar aglomeração. A notícia da repressão e a repercussão posterior foi mostrada pelo blog Opiniões (aqui e aqui).
Uma das líderes do movimento e coordenadora estadual de Juventude do Movimento Negro Unificado, Manuelli Ramos disse que a manifestação desta quarta-feira foi comunicada previamente à Prefeitura e à Polícia Militar – que apenas acompanhou o ato com pelo menos quatro viaturas em volta da praça. Além de Floyd, também foram lembradas outras pessoas negras que também foram vítimas da violência no Brasil.
– Essa manifestação é uma resposta às ações racistas que não são pontuais, elas são sistemáticas em todo mundo. Após os casos de mortes que aconteceram com João Pedro, com a menina Agatha, com Miguel, com o George Floyd, nos Estados Unidos, utilizamos esses nomes e essas circunstâncias para evidenciar o que vivemos todos os dias. É importante sinalizar que Campos tem um racismo institucional, onde o abate dos programas sociais do governo também representa formas sistemáticas do racismo atuar. Temos invasões e depredações de templos de religiões de matrizes africanas, temos uma violência urbana concentrada na área de Guarus e não é por acaso. Estamos aqui para dizer que vidas negras importam e isso não significa que outros grupos étnicos não importam, mas significa dizer que estamos evidenciando os índices sociais de mortalidade dos jovens negros.
Durante a manifestação, várias pessoas seguraram faixas e cartazes pedindo igualdade, o fim de ações policiais truculentas e justiça para as vítimas da violência. No microfone, os líderes do movimento lembraram das últimas palavras de crianças negras que foram mortas durante ações da polícia no Rio de Janeiro e também lembraram da desigualdade em Campos, entre a margem direita do rio Paraíba do Sul e a região de Guarus. Eles também pediram maior representatividade dos negros em todas as profissões e na política. 
– Temos o direito constitucional de manifestação garantido, mas, infelizmente, esse direito não é acessado por todos. Sabemos que para trazer todas as pautas raciais a público, devemos tomar todos os cuidados possíveis. Infelizmente, tivemos uma ação extremamente truculenta na semana passada e hoje, junto com esses jovens e outras organizações da sociedade civil, da OAB, estamos assegurados, informando as autoridades sobre o ato, estamos nos precavendo com um grupo de advogados presenciais e de maneira remota, da Comissão de Igualdade Racial da OAB – completou Manuelli.
Ao final do ato, os manifestantes marcharam da praça do Santíssimo Salvador até o Pelourinho, no boulevard Francisco de Paula Carneiro, local icônico onde escravos eram torturados em praça públicas. Com gritos contra o racismo, os líderes do movimento fizeram um último discurso e pediram para todos se dispersarem com tranquilidade e sem aglomerações. 

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