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Em entrevista, Wadih comenta conquistas da gestão e prevê eleições transparentes na OAB/RJ


31/08/2009 12h19

Do jornal O Fluminense

31/08/2009 - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Rio de Janeiro, Wadilh Damous, é um homem reservado, sóbrio, que raramente sorri. Formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mestre em Direito Constitucional pela PUC, Wadih se especializou na área traballhista, advogando para sindicatos, como o dos metalúrgicos e dos ferroviários. A luta em prol dos trabalhadores o levou a presidir o Sindicato dos Advogados e a partir da década de 90 a se aproximar da OAB/RJ.

Em entrevista a O Fluminense, Wadih falou de suas conquistas à frente da entidade, como a meta de inaugurar cerca de 180 Salas do Advogado - unidades de apoio ao advogado com computadores e impressoras - no Estado; o fim das revistas aos advogados nos tribunais, sua luta pela punição dos troturadores do período da ditadura militar; e sobre o processo eleitoral que terá de enfrentar em outubro, que promete ser o mais transparente da história da Ordem

Sexta-feira foi inaugurada mais uma sala dos advogados no Escritório Compartilhado da Subseção de São Gonçalo da OAB, no Zé Garoto, e houve também o lançamento de um serviço de transporte gratuito para a categoria. O novo Fórum de Niterói, no Centro, também conta com uma sala específica para os advogados. Qual o benefício da instalação dessa estrutura para os advogados?

Essas salas são um instrumento de trabalho para os advogados, dão um apoio social e institucional e considero um dos principais itens da minha gestão. O advogado muitas vezes está no fórum e precisa de apoio instrumental para fazer, por exemplo, uma petição. É uma força de ajudar o profissional, de resgatar a autoestima dele, que vê que a Ordem se importa com ele, oferecendo espaço com computadores, acesso à internet, impressoras, telefone. A nossa meta é inaugurar cerca de 180 Salas do Advogado, sempre em locais de maior incidência do profissional. Além disso, também estamos oferecendo transporte para os profissionais. Com esses novos fóruns afastados do centro da cidade ficou mais difícil para o profissional se deslocar. Por isso, disponibilizamos um micro-ônibus com um roteiro predefinido que circula por diversos locais onde há instalações da Justiça.

O que representa para a OAB o fim das revistas aos advogados nos fóruns, anunciada pelo presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Zveiter?

Essa é uma luta que travo desde 2002. Por conta do aumento da violência, a sociedade ficou amedontrada e foi montado um forte esquema de segurança nos tribunais. No entanto, esse aparato não previa a revista de juízes, promotores e procuradores. Só que nesta lista os advogados eram uma exceção. Ora, o advogado trabalha no Fórum como qualquer servidor! Considero que a revista era feita de forma discriminatória contra a categoria. Portanto, creio que foi uma atitude de muita sensibilidade do presidente do TJ, Luiz Zveiter, até porque ele é oriundo da advocacia. Agora o advogado não será mais submetido à revista, bastará apresentar a carteira da OAB que um leitor ótico o identificará e liberará sua entrada.

Esta semana o senhor publicou um artigo lembrando a morte da funcionária da OAB Lida Monteiro da Silva, vítima de uma carta-bomba endereçada ao presidente do Conselho Federal à época, Eduardo Seabra Fagundes. No texto, é pedido o julgamento dos torturadores do período da ditadura militar. O senhor crê que ainda há tempo de o Brasil seguir o exemplo de outros países e julgar essas pessoas?

Tanto a Lida como a OAB foram vítimas daquele atentado que teve o intuito de calar a Ordem. Entendo que os torturadores devem responder por seus atos sendo processados e tendo direito à defesa. Mas um dos argumentos que usam para livrá-los disso é de que estão acobertados pela Lei da Anistia, e de que houve um pacto político que beneficou a todos: perseguidos e perseguidores. No meu entendimento, a lei beneficia quem era perseguido e não os perseguidores. Ou seja, esses crimes devem ser julgados porque são crimes comuns, de lesa-humanidade. A decisão, no entanto, ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal, que irá dizer se os crimes são ou não imprescritíveis.

Como o senhor encara o processo eleitoral para mais um triênio à frente da OAB?

Serão as eleições mais democráticas e transparentes da história da Ordem. Não permitirei o uso da máquina para qualquer tipo de propaganda. E olha que o maior beneficiário de uma atitude dessas seria eu, que muitas vezes fui vítima desse tipo de prática quando estava na oposição. A OAB sempre foi crítica com relação aos desvios éticos e, portanto, tem de dar o exemplo. Vamos aumentar em 25% os locais de votação. Tivemos preocupação também para que advogados portadores de necessidades especiais possam exercer seu direito de voto, oferecendo a eles acessibilidade, como rampas, elevadores, etc.

Em junho, o senhor foi alertado pela Secretaria de Segurança de que havia um plano para assassiná-lo e o grupo conhecia seu endereço além do trajeto que faz e o carro que usa. Isso mudou de alguma forma sua rotina? O senhor tem suspeitas de quem sejam essas pessoas?

Prefiro deixar as suspeitas que tenho comigo. Creio que isso aconteceu porque quando as coisas são feitas com serenidade, acabamos contrariando interesses de alguns. De qualquer forma, todas as minhas obrigações estão sendo cumpridas independentemente de ameaças. Como tenho um mandato a zelar, reforcei minha segurança e tomei algumas precauções. Esse assunto diz respeito à polícia. Há um inquérito aberto e o caso está sendo investigado.

Atualizado por: Edmar Soares Filho


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